“Indústria anseia fazer negócios”: investimento global de ‘private equity’ sobe 37% em 2024

Consultora Bain revela que valor médio dos negócios foi de 849 milhões de dólares, 2º maior de sempre, e prevê que atividade continue a recuperar dos ventos contrários de 2022, mas há alertas.

A atividade global de private equity mantém a trajetória de recuperação, mas até respirar de alívio ainda existem alguns desafios a ultrapassar, como adaptação ao novo contexto macroeconómico e às perturbações geopolíticas que se intensificam e estão a ‘dividir’ o mapa.

Em 2024, o valor dos investimentos globais por aquisição aumentou 37% para 602 mil milhões de dólares (575 mil milhões de euros) perante a vontade a aplicar capital que estava em stand-by e a descida das taxas de juro, de acordo com o relatório da consultora Bain & Company divulgado esta segunda-feira.

No ano passado reverteram-se as quedas significativas dos dois anos anteriores e o número de negócios conseguiu 10% em termos homólogos e ser recordista no montante envolvido: o valor médio das transações mundiais foi de 849 milhões de dólares (811 milhões de euros), o segundo maior da história. Aliás, as operações de, pelo menos, mil milhões representaram 77% do total.

O setor de tecnologia permaneceu como o setor principal de aquisições de private equity, representando 33% dos negócios em valor e 26% em volume, com uma atividade também forte na interseção de tecnologia e saúde. O valor dos negócios de serviços financeiros também aumentou 92% em termos anuais, enquanto os negócios na indústria cresceram 81%”, referiu Álvaro Pires, sócio da Bain.

As saídas (exits), geralmente associadas a startups, também tiveram um aumento a dois dígitos. O valor global aumentou 34% em relação ao ano anterior, para 468 mil milhões de dólares (447 mil milhões de euros), enquanto o número subiu 22%, para 1.470 exits, de acordo com o 16º Relatório Global de Private Equity da Bain.

Houve um crescimento no valor dos negócios em todas as regiões do mundo, mas a liderança veio da Europa, onde o aumento foi de 54% em capital e de 9% em número, enquanto na América do Norte o valor dos negócios cresceu 34% e o número subiu 9%.

Nos Estados Unidos e no Canadá, essa valorização foi também justificada pelas privatizações, que representaram quase metade dos negócios acima de cinco mil milhões de dólares (4,8 mil milhões de euros) nesses países em 2024, tendo subido para 250 mil milhões de dólares (239 mil milhões de euros).

“Ventos contrários devem continuar a dissipar-se”

O ressurgimento dos investimentos e saídas demonstram uma mudança positiva nas negociações, mas é necessário que haja uma adaptação à política comercial, angariação de fundos mais rápida e resiliência perante o aproximar da reta final de cortes de juros na Europa. Segundo os consultores da Bain, os fundos têm tido adaptabilidade e estão bem posicionados para acelerar o crescimento.

O presidente global de Private Equity da Bain considera 2024 como um ano de “retoma parcial do fôlego”, porém “o apetite por negócios ainda é moderado face às incertezas que mantêm os mercados em alerta”.

“A consolidação do ímpeto de 2024 dependerá dos desenvolvimentos da política. Antecipamos que os ventos contrários que têm travado a atividade desde meados de 2022 devem continuar a dissipar-se. A indústria está ansiosa para fazer negócios, as empresas procuram maneiras criativas de aumentar a liquidez, mais dinheiro deve fluir dos fundos soberanos e da riqueza privada, e os retornos continuam fortes”, explica.

“Os investidores procuram clareza quanto às políticas sobre a economia, comércio, regulação e geopolítica”, defende o presidente global de Private Equity da Bain, Hugh MacArthur.

“Uma recuperação emergente apresentará inevitavelmente importantes oportunidades para os investidores. Mas os vencedores serão os fundos que demonstrarem um modelo consistente e diferenciado para a criação de valor e estratégias claras para manter o crescimento e o desempenho a longo prazo”, acrescenta Rebecca Burack, responsável pela prática de Private Equity na Bain.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

“Indústria anseia fazer negócios”: investimento global de ‘private equity’ sobe 37% em 2024

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião